Vocês também estão cansados de se deparar com 95% dos blogs ou canais sobre masculinidade atuais e encontrar conteúdos do tipo: "homem de verdade é hétero, barbudo, fortão, com autoestima lá no Monte Everest e absolutamente nenhuma autocrítica"?

Cara, eu sempre fiquei irritado com as coisas que aparecem na internet – pessoas sem senso de identidade, completamente perdidas no próprio ego e com medo de qualquer coisa que fuja do seu padrão.

Muitos desses canais que falam sobre lifestyle estão mais preocupados em criar regrinhas e segui-lasdo que em descobrir o mundo e a vida. Assim, criam um universinho paralelo cheio de problemas inexistentes e teorias da conspiração.

Isso tem me afetado bastante. Sempre tive meus dilemas, mas hoje lidamos o tempo todo com tanta gente falando besteira em vídeos de 30 segundos, que essas informações começam a se embaralhar na nossa cabeça – principalmente se você, como eu, gosta de ouvir todos os lados de uma discussão para evitar cair em bolhas.

Antes de me confundir com tanta informação, eu era do tipo que questionava tudo e tinha um senso de identidade tão forte que nada me abalava. Quando mudava meu visual, colegas dos meus pais, tios e outras pessoas tiravam sarro de como eu me vestia ou me comportava. Eu simplesmente dava um grande "foda-se" e seguia minha vida, convicto do que queria viver.

Mas, depois de um tempo, minha confiança foi abalada por coisas que nunca imaginei que me atingiriam. Tudo desmoronou um pouco, inclusive minha segurança na hora de me vestir. E, por incrível que pareça, aqueles mesmos homens convictos de que sabem como um homem "deve ser" – com seus argumentos tenebrosos – conseguiram me afetar.

Até que, essa semana, assisti um filme que me deu um gosto esquecido da época em que eu era eu mesmo, sem medo de me expressar. O filme foi "Homem com H", a história do excêntrico Ney Matogrosso.

O título não poderia ser mais perfeito, porque é um tapa na cara daqueles homens de Instagram que acham que a essência da masculinidade está na barba, no shape ou na calça acima do tornozelo.

Ney foi um homem que enfrentou desafios existenciais dentro da própria casa e, mesmo assim, seguiu em frente. E, o mais difícil para qualquer ser humano: foi capaz de perdoar.

Tenho a percepção de que o perdão é o sentimento mais complexo e profundo que podemos experimentar – é como uma premonição da paz. E, pelo que o filme mostra, Ney tinha essa capacidade. Ele sabia se defender com agressividade, rebeldia e imponência, mas também carregava dentro de si paz espiritual, confiança e perdão – algo que muitas pessoas passam a vida inteira buscando, sem nem saber como alcançar.

Enfim, venho através deste post dizer: um verdadeiro homem se faz no perdão. Tenho a impressão de que alguém já tenha dito isso antes... um tal de Jesus Cristo.